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segunda-feira, 28 de julho de 2014

O gatinho Mimi

Aos dez anos de idade Luizinha nunca tivera um bichinho de estimação. De pelúcia sim - às dezenas - mas nunca um bichinho de verdade. Por isso ficou tão eufórica quando apareceu em seu jardim aquele gatinho perdido. Era todo pretinho, de olhos azuis, o animalzinho mais lindo do mundo.

Seus pais esclareceram quais seriam suas responsabilidades caso adotasse o gatinho, e ela aceitou todas. Colocou-lhe o nome de Mimi e passou a paparicá-lo incessantemente, com entusiasmo quase obsessivo. O gato deixava-se paparicar, dando apenas breves escapulidas quando se cansava do apego exagerado.

Tal situação não durou muito, porém. Luizinha teve uma terrível decepção com Mimi poucos dias após sua chegada. Estavam no jardim quando uma barata veio da rua e passou perto deles. A menina deu um grito, mas Mimi foi atrás e abocanhou o bicho. Para o completo horror de Luíza, não apenas abocanhou como também comeu o inseto asqueroso.

Ela correu para a casa chorando e gritando. Contou o que tinha acontecido e disse que nunca mais queria ver Mimi na sua frente. O pai explicou-lhe que não havia nada de anormal no comportamento do gato, era assim mesmo que acontecia, os animais não têm noção das coisas e não se pode esperar deles o que se espera de seres humanos.

A menina não quis saber de nada, só queria se ver livre daquele gato nojento. O pai pegou Mimi, levou embora, e nunca foi perguntado sobre que destino havia dado ao gatinho.

Luíza cresceu e tornou-se uma mulher bem sucedida, mas ainda não se realizou afetivamente. Parece que não tem sorte no amor. Seus relacionamentos são breves e insatisfatórios. Quanto tenta lembrar de alguma paixão verdadeira em sua vida, só lhe vem à mente uma pessoa...

Ele era médico recém-formado. Tinha horários de trabalho muito longos, o que dificultava as coisas. Mas gostava de Luíza e fazia o possível para estar com ela.

Uma vez ele ligou e disse que não podia vê-la. Estava saindo de um plantão de vinte e quatro horas. Não tinha condições de ir visitá-la. Ela achou um absurdo, queria vê-lo e não admitia ficar sozinha aquela noite.

Ele foi, mas estava com uma aparência péssima, o que irritou a moça. Mais irritada ficou porque ele lhe respondia com monossílabos, embora procurasse sorrir e manter focalizado o olhar. Logo adormeceu no sofá, demonstrando total desconsideração. E, horror dos horrores, começou a roncar! Quando se aproximou para acordá-lo sentiu cheiro de suor. Foi tomada de grande repugnância e percebeu a impossibilidade daquele relacionamento. Acabou assim aquele namoro.

(Coisa mais estranha... sempre que pensa nele vem junto a lembrança do gatinho Mimi... Deve ser porque os dois tinham olhos azuis.)

Imagem: http://www.zastavki.com

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