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domingo, 27 de julho de 2014

Dize-me onde moras...

Seu Lúcio é um homem de meia-idade, trabalha como taxista e está quase se aposentando. Não sei como andam as suas ideias hoje em dia, mas quando jovem ele tinha muitas opiniões e, principalmente, muitas certezas.

Uma dessas convicções era a de que a aparência conta, e conta muito. De tal forma que pode-se fazer juízo de valores e até prognósticos com base na aparência da pessoa ou do local onde mora ou trabalha.

Lá na rua do bairro onde ele vivia as casas não eram bonitas, com exceção de uma única. Todas as outras classificavam-se em moderadamente feias, bastante feias ou passáveis. O destino dos indivíduos, segundo Lúcio, ligava-se diretamente ao estado de suas residências, já que a personalidade das famílias - empreendedoras ou acomodadas ou explicitamente preguiçosas - revelava-se em suas fachadas.

Uma dessas casas, enquadrada na categoria das moderadamente feias, abrigava um ex-seminarista que, tendo desistido de ser padre, planejava agora seguir a carreira de engenheiro. A família era grande, todos trabalhavam e apoiavam o sonho do jovem.

Um dia o Lúcio, subindo a rua em companhia de um colega, apontou para lá e disse, com um sorriso de pouco caso: “Seja sincero, você acha que dessa casa vai sair um engenheiro?”

O colega não respondeu nem que sim nem que não, já que ele próprio tinha sonhos não menos audaciosos.

O tempo passou, o ex-seminarista tornou-se engenheiro. Lá no final da rua, uma mocinha cuja habitação era bastante feia, virou bióloga. O colega mencionado acima formou-se em física nuclear.

Esqueci de dizer que a casa de Lúcio não era feia nem bonita, era passável.

Imagem: http://almaacreana.blogspot.com.br

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